Combinei tudo direitinho com o Tom para que não houvesse desencontro. Ele queria que ficasse em sua casa, mas achei muita ousadia. Decidi ficar num hotel, o que contribuía para não perder a minha liberdade. Na verdade achei estranha sua insistência em relação a isto, não acho que tenha intimidade o suficiente para me hospedar lá e ele pelo contrário pensava que sim.
Comprei as passagens e chegaria num horário em que ele não poderia me receber no aeroporto, não tinha problemas, preferia mesmo me instalar sozinha e até fazer minha primeira expedição pela cidade por conta própria. A noite, finalmente, nos conheceríamos num jantar em uma das famosas churrascarias de Porto Alegre.
Não sei o que me deu para mudar de ideia desta forma, queria conhecer o Tom, tinha muita curiosidade, mas quando me vi ali de pé no saguão do aeroporto Salgado Filho me achei ridícula indo encontrar um amigo virtual, talvez até alguém que viesse a ter algum relacionamento. Até então, para mim, este negócio de conhecer gente pela internet era para outras pessoas, gosto mesmo é de fazer amigos do modo tradicional. Pertenço a uma geração anterior a esta que vive uma vida virtual, ainda prefiro as coisas à moda antiga e neste momento muitas inseguranças passavam pela minha cabeça. Será que gostaria dele, que seria uma pessoa agradável, bonito, honesta, ou era um aproveitador? Se eu não gostasse dele por um motivo qualquer estaria pressa à sua convivência pelos próximos dias, ao menos fui sensata de não ter aceitado me hospedar em sua casa. Mas, isso não me desobrigaria de sua presença.
A situação seria muito pior se ele forçasse algum tipo de relacionamento, ainda mais porque fui eu quem veio atrás dele, seria o mais lógico. Então, me vi sentada no aeroporto pensando o que fazer, quase peguei o primeiro voo de volta. Por outro lado se não arriscasse poderia perder a oportunidade de conhecer uma pessoa maravilhosa, ou alguém que viesse a ser um bom amigo e afinal já estava ali. Além do mais o mundo estava mudado, a comunicação virtual é o novo modo das pessoas se relacionarem. É só uma nova tecnologia servido de ponte para os mesmos velhos relacionamentos humanos. Eu já dei até um passo na direção desse novo mundo, estou até escrevendo este blog, me expondo e aos meus sentimentos.
Então fui procurar um taxi e encontrei um ônibus que estava indo para Gramado, alguma coisa naquele instante me disse para não ir me encontrar com o Tom, algo me atraía em outra direção, por isso entrei no ônibus. Depois pensei que estava completamente perdida, querendo ganhar o mundo, mas sem saber para onde ir. Me encontrava totalmente sem destino. Já foi uma loucura sair do Rio para vir atrás de um completo desconhecido e pior ainda entrar em um ônibus para Gramado, ainda mais nesta época do ano que os hotéis devem estar completamente lotados e eu não teria onde ficar.
Quando o ônibus parou, achei ter chegado a Gramado, mas na verdade entrei num conto de Natal. Me vi na pequena rodoviária, com a mala na mão sem saber o que fazer. De qualquer modo não pretendia voltar para Porto Alegre, a solução era torcer para que houvesse algum quarto na cidade disponível, o que seria praticamente impossível. Comecei minha difícil missão perguntando a algumas pessoas que ali estavam e todos me desanimavam. Consegui um catálogo e comecei a discar aleatoriamente para os hotéis. Já havia passado umas boas 3 horas desde que pusera os pés na cidade de Noel quando alguém do outro lado da linha me disse que havia acabado de cancelar uma reserva e havia vaga para quase uma semana, era menos que a quantidade de dias que precisava até a data de minha passagem de volta para o Rio, mas, por hora, servia. Resolvido o primeiro problema. Agora era ligar para o Tom e inventar uma boa desculpa.
Nem precisei da desculpa que arranjei, que convenhamos, achei meio fajuta. Ele simplesmente não me atendeu! Não entendi nada, havíamos combinado que assim que estivesse chegado e me instalado no hotel ligaria para ele para combinarmos a que horas iríamos jantar. Será que se esqueceu? Estaria com algum problema? Continuei tentando, mas nem sinal dele. Tentaria novamente no dia seguinte. A ordem agora era aproveitar esta cidade linda e a noite adorável que fazia!
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